De padarias a locadora de imovél temporrário e roteiros personalizados, pequenas empresas estão recorrendo ao e-commerce para reduzir custos e se manter competitivas
Em São Paulo, o doce aroma de fondant e açúcar toma conta do ateliê da Pancake, confeitaria especializada em bolos artísticos e sobremesas personalizadas. Fundada por Thaís Olhier, de 41 anos, a Pancake conquistou um público fiel de famílias que comemoram aniversários e momentos especiais.
Mas, por trás do sucesso, havia um desafio constante: os ingredientes premium e as ferramentas especializadas consumiam boa parte do lucro, deixando pouco espaço para crescer. Essa realidade começou a mudar em 2024, quando Thaís passou a comprar para o seu negócio na Temu. De formas de silicone a fitas e embalagens personalizadas, ela conseguiu reduzir os custos em cerca de 15%, o que permitiu reinvestir no ateliê – ampliando a produção, testando novos designs e mantendo os preços competitivos.
“Isso me deu um pouco de fôlego”, conta Thaís. “Antes, eu me preocupava com cada gasto. Agora posso focar mais na parte criativa”.
Um desafio comum para pequenas empresas
A história de Thaís reflete uma realidade mais ampla no Brasil. As pequenas e médias empresas (PMEs) são a espinha dorsal da economia do país, contribuindo com 47% do valor agregado pelos negócios e respondendo por 63% do emprego, segundo pesquisa de 2024 da McKinsey. Ainda assim, muitas PMEs enfrentam pressão: o SIMPI aponta que cerca de 38% delas tiveram aumentos significativos nos custos de produção em 2024, principalmente devido à alta nos preços de matérias-primas e insumos.
Para se manterem competitivas, muitas empreendedoras e empreendedores estão recorrendo a plataformas de e-commerce para adquirir ferramentas e materiais a preços menores. Para os donos de pequenos negócios, a mudança não é apenas uma questão de economizar – trata-se de manter a resiliência e encontrar novas formas de manter suas operações funcionando.
Transformando locações em “estadias boutique” com custo reduzido
Em Canasvieiras, bairro à beira-mar no norte de Florianópolis, o anfitrião Mateus Alves, de 29 anos, queria renovar seu aluguel de temporada sem gastar muito. Seu apartamento, popular entre turistas da Argentina, Chile, Colômbia e outras regiões do Brasil, era frequentemente comparado a estadias boutique – mas a decoração não acompanhava as crescentes expectativas dos hóspedes.
Mateus descobriu a Temu pelo Instagram e passou a comprar itens de decoração e utensílios domésticos. Suas compras incluíram tapetes, roupas de cama e acessórios, a um custo reduzido e de boa qualidade.
“Isso me ajudou a renovar o espaço sem precisar reformá-lo completamente”, disse ele. “É uma mudança pequena, mas faz os hóspedes se sentirem em um lugar especial”.
Dando um toque pessoal às experiências de viagem
No Rio de Janeiro, a empreendedora Júlia Ramil, de 37 anos, administra a Me Leva Londres, uma agência de viagens boutique que cria roteiros personalizados para famílias brasileiras que visitam o Reino Unido. Para manter as crianças entretidas em viagens longas, ela começou a montar kits de viagem lúdicos com atividades inspiradas em pontos turísticos de Londres.
Por meio da Temu, Júlia conseguiu encontrar material de papelaria, adesivos e itens para colorir a preços interessantes, agilizando a montagem de seus kits.
“Antes, os kits levavam muito tempo para serem montados”, disse ela. “Agora posso oferecer algo mais caprichado, e as famílias realmente percebem o cuidado extra”.
Uma plataforma que se torna parte do ecossistema
Seja reduzindo custos em uma confeitaria, renovando um imóvel de aluguel ou aprimorando um roteiro de viagem, esses empreendedores fazem parte de uma tendência crescente: usar o e-commerce para construir negócios mais flexíveis e sustentáveis.
A Temu, originalmente conhecida por seu modelo de comércio internacional, expandiu discretamente seu papel na economia das PMEs brasileiras. No final de agosto, lançou um programa de vendedores locais, permitindo que empresas brasileiras qualificadas listem seus produtos diretamente na plataforma e ampliem seu alcance por meio de um canal de baixo custo.
Para Thaís, a mudança para aproveitar o e-commerce não é apenas uma questão de preço – é uma questão de possibilidade.
“Em um pequeno negócio, cada decisão conta. Você busca o que funciona, o que permite avançar sem renunciar à qualidade. Para mim, isso simplesmente funcionou.”
